terça-feira, 8 de outubro de 2013

Aumento no consumo de açúcar é um problema para a saúde


Ministério da Saúde discute com as empresas a redução do teor 

em alimentos industrializados

Agência Brasil
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Cáries, obesidade e diabetes. Essas são algumas das doenças que podem ser causadas ou agravadas pelo consumo do açúcar – substância cujo conceito de “excesso” varia conforme a pessoa. Embora o açúcar esteja presente em frutas (frutose) e no leite (lactose), é o produto processado, obtido a partir da cana-de-açúcar, que mais preocupa os especialistas em saúde. Dados do Sistema Único de Saúde (SUS) revelam que o setor público gasta, anualmente, R$ 488 milhões com o tratamento de doenças associadas à obesidade.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o consumo de açúcar livre, que inclui tanto a substância presente nas frutas e no leite quanto o produto processado, não chegue a 10% das calorias consumidas por uma pessoa adulta ao longo de todo o dia. O problema é conseguir medir isso, para não extrapolar o limite recomendável. Tanto que, segundo o Ministério da Saúde, a Pesquisa de Orçamentos Familiares, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) entre 2008 e 2009, revelou que 61% da população brasileira consomem açúcar em excesso.
Atento ao aumento da participação do açúcar na dieta brasileira e às consequências negativas do seu consumo excessivo, o Ministério da Saúde começou a discutir com as indústrias a redução do teor desse nutriente em alimentos industrializados. Em junho, a Coordenação-Geral de Alimentação e Nutrição do ministério organizou um seminário sobre o tema com a participação de representantes do governo, da indústria, da academia e de entidades profissionais, científicas e de defesa do consumidor. Ainda não há definição quanto às medidas que podem vir a ser adotadas.
Presidente da secção regional da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia no Distrito Federal, a endocrinologista Monalisa Azevedo diz que, apesar do valor nutritivo, as pessoas poderiam abrir mão do açúcar. A eliminação, entretanto, não é necessária, nem há qualquer recomendação médica neste sentido, segundo explicou.
“O açúcar não é um alimento essencial. Podemos abrir mão de seu consumo porque seu nutriente, a glicose, está presente em uma série de outros alimentos compostos por carboidratos, como o arroz e o feijão. Agora, se ingerido em pequenas quantidades, o açúcar não é um veneno”, disse a médica. Ela alerta, contudo, que a quantidade recomendável varia de pessoa para pessoa, de acordo com fatores como a condição geral de saúde e a faixa etária de cada um.
Para Monalisa, é importante que os consumidores sejam informados sobre a adição de açúcar em alimentos industrializados e que as autoridades públicas, a exemplo do que já vem fazendo o Ministério da Saúde, estudem os níveis recomendáveis, como no caso do sódio.
“Este é um debate importantíssimo e há exemplos de produtos como alguns sucos em caixinha e refrigerantes que têm que ser melhor estudados. Sempre lembrando que não há, hoje, nenhuma orientação e que não prescrevemos a erradicação do consumo do açúcar, embora restringir a quantidade ingerida seja recomendável para todos – da mesma forma como recomendamos a redução dos produtos industrializados que, sempre que possível, devem ser substituídos por alimentos naturais, como frutas, fonte de açúcar natural”, explicou.
Já o historiador e escritor Fernando de Carvalho, é radical. Diabético, ele defende o fim do uso do açúcar para todos. Em seu libelo contra o produto, O Livro Negro do Açúcar, disponível na internet, Carvalho alerta que, com o tempo, praticamente todos os alimentos industrializados, até mesmo o pão francês, foram sendo modificados pela adição de açúcar, criando o que chama de “a era das doenças crônicas, metabólicas e degenerativas”. A finalidade foi torná-los mais agradáveis ao paladar contemporâneo. O problema é que nem sempre isso é informado aos consumidores.
Em entrevista à Agência Brasil, Carvalho apontou que, nos últimos anos, houve um avanço no tocante ao surgimento e a popularização de alimentos de baixo teor calórico, o que ajudou a despertar a atenção de muitos consumidores. De acordo com ele, contudo, há um movimento contrário.
“O poder econômico da indústria do açúcar é muito grande. Uma deputada chegou a propor uma lei obrigando as empresas a informar o risco de alguns de seus produtos causarem cáries. Não passou de uma proposta”, comentou Carvalho, que critica a falta de leis que controlem o excesso nos alimentos e informem o risco da substância para os consumidores.
“A rigor, o consumidor é quase um órfão de informações. Pelo contrário. O que há é um estímulo sem ressalvas por parte da mídia, sem nunca abordar os problemas de saúde e o custo humano e ecológico decorrente da expansão da área ocupada por canaviais – expansão que não atende só à produção de açúcar, mas também à de etanol”, analisou.

Canadá mantém silêncio sobre denúncias de espionagem feitas pelo Brasil


Chanceler brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo manifestou ao 

colega canadense a indignação do governo e pediu explicações


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O Canadá negou-se nesta segunda-feira a comentar as revelações da Rede Globo segundo as quais Ottawa, assim como Washington, teria espionado as comunicações do Ministério das Minas e Energia com objetivos econômicos. "Não comentamos as atividades de coleta de dados no exterior", declarou Julie Dimambro, porta-voz do Ministério da Defesa do Canadá.
Mais cedo, a presidente Dilma Rousseff condenou a espionagem supostamente realizada pelo Canadá e pediu aos Estados Unidos e a seus aliados que parem com este tipo de ação.
"A denúncia de que o Ministério da Energia foi alvo de espionagem confirma as razões econômicas e estratégicas por trás desses fatos", afirmou Dilma em seu Twitter. A presidente disse que o caso mostra o interesse do Canadá no setor minerador brasileiro.
"Isso é inadmissível em países que pretendem ser sócios. Repudiamos a guerra cibernética", afirmou. "É urgente que os Estados Unidos e seus aliados encerrem suas ações de espionagem de uma vez por todas", acrescentou.
Em função da denúncia, a Chancelaria brasileira convocou o embaixador do Canadá, Jamal Khokhar, para expressar sua indignação e repúdio pelo suposto caso de espionagem.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores, o chanceler brasileiro Luiz Alberto Figueiredo manifestou ao colega canadense a indignação de seu governo e pediu explicações.
O chanceler enfatizou "o repúdio do Governo a esta grave e inaceitável violação da soberania nacional e dos direitos das pessoas e das empresas", segundo o comunicado oficial.
A Rede Globo revelou no domingo um suposto documento da Agência Canadense de Segurança nas Telecomunicações (CSEC) que mostra um esquema detalhado das comunicações do Ministério das Minas e Energia brasileiro, incluindo chamadas telefônicas, correios eletrônicos e navegação na internet.
Segundo a Globo, o documento foi vazado pelo ex-consultor da inteligência americano Edward Snowden, que teve acesso a ele em uma reunião de junho de 2012 entre analistas das agências de inteligência dos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Austrália e Nova Zelândia, os 'Five Eyes' (cinco olhos), como o grupo é conhecido.
Nos últimos meses, a imprensa publicou documentos atribuídos à Agência de Segurança Nacional americana (NSA) sobre espionagem das comunicações de Dilma, de seus assessores e de milhões de brasileiros, além da Petrobrás.
Dilma denunciou na época que essa espionagem não era por razões de combate ao terrorismo, como haviam argumentado inicialmente os Estados Unidos, e sim econômicas.
"Tudo indica que os cinco governos e milhares de empresas prestadoras de serviço podem ter acesso aos dados da NSA amplamente", acrescentou Dilma em seu tuíte.
Mapeamento das comunicações
Segundo a Globo, o programa de espionagem canadense chamado Olympia, fez um "mapeamento" das comunicações telefônicas e dos computadores do ministério. O objetivo era "descobrir contatos realizados com outros órgãos, dentro e fora do Brasil, além da Petrobrás".
No documento, que não revela em que período isso aconteceu, é apresentado um registro das ligações do Ministério das Minas e Energia brasileiro para outros países, com contatos com a Organização Latino-americana de Energia (Olade), no Equador, e com a embaixada brasileira no Peru.
As comunicações com países do Oriente Médio, África do Sul e até com o próprio Canadá foram incluídas no relatório.
"A espionagem atenta contra a soberania das nações e a privacidade das pessoas e empresas", insistiu a presidente.
O documento canadense também tem instruções sobre quais seriam os próximos passos da inteligência em relação ao Brasil, o que inclui a utilização de um grupo chamado TAO, descrito pela Globo como a tropa de elite da espionagem americana.ISTOÉ